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Saliva

Não tenho medo de saliva quente a lavar-me as entranhas Eu cultivo o contacto com situações estranhas Respeito as opções dos outros mas não aceito imposições Ou que as minhas escolhas me empurrem para o centro das atenções Necessito de experimentar tanto como do ar que respiro Primo por tentar dar sempre mais do que retiro Celebro castigos consentidos e consinto castigos Procuro cogumelos nucleares, não me escondo em abrigos Arrisco reprovação social e despeito generalizado Não aceito que tribunais populares me considerem culpado O manto de clausura que me cobre e protege é transparente Nada tenho a esconder da elite ou da gente A minha privacidade não contém zonas pintadas a cinzento No meu passado não mora qualquer vergonha ou lamento Confronto sempre as situações dúbias antes que se tornem certezas Não abandono as discussões apenas porque se tornam mais acesas Memorizo cada pormenor, cada instante Sinto que me rasgas com a tua língua c

quase sem luz

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o dia de trabalho tinha acabado e de repente apeteceu-me registar este momento

Sense morbidus

Os vermes alojam-se nos meus dentes Masturbam-se esfregando-se nas minhas gengivas Enchem-me a boca de esperma E o cheiro que emana é nauseabundo Nos meus caninos está o sangue De mil virgens que desflorei em segredo A minha língua estorce-se em caricias Na lembrança de estranhas sevicias Dos meus olhos caiem lágrimas prazerosas Que se roçam pela minha cara E se retêm, para que se prolongue a descida Desenham rastos quentes até aos cantos da boca Saboreio um prazer mórbido e nojento Assim mesmo abro um sorriso E por entre desmaios dos que me rodeiam Alguém me beija prolongadamente

Lamento

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Lamento ser Sentir Querer Desejar Ter Lamento saber Lembrar Lembrar Lembrar Lamentar O primeiro golpe cega-me e ao invés de ficar imóvel acelero para o abismo Vou correr para um bar e pedir perdão ao santo álcool. Ainda agora saí do esgoto e já anseio voltar Em noites como esta eu corto os pulsos compulsivamente E sou um pobre coitado triste e abandonado…. Por ti (quem quer que sejas) Às vezes faço cortes só para ver o sangue tentar escapar ao meu corpo mas depressa, mais depressa que faço os cortes, bebo o sangue aprisionando de novo cada gota. Assimilo cataclismos como o meu organismo ao açúcar E estou encalhado entre quem me ama e quem anseia matar-me Escolho sempre o lado errado?!?!?! Saboreio salubridade em beijos apaixonados e vomito agoniado de seguida para me sentir mais humano Tiro fotografias ao espelho à espera de vislumbrar o meu reflexo mas só vejo a minha sombra E quando mergulho em mim espero morrer afogado em qualquer charco poluído por produtos

Usurpador

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Tomas por teu o que nunca poderás ter, com as tuas patas sujas adulteras a pureza das palavras. Colhes frutos das terras que não lavras. Quando te vangloriam pelo esforço dos outros sentes prazer. Abomino-te, e sirvo-me da originalidade para te dizer. Consegues dormir com as ideias, tal meninas, que depravas? Se até o teu próprio desenvolvimento intelectual entravas, Serás para sempre uma réplica de algo que nunca poderás ser. Que cada palavra usurpada seja uma gota de veneno purificador E te vá matando aos poucos, de remorso, usurpador. Serei então feliz, e posso encontrar a paz a que aspiro. És um verme da cultura, a erva daninha que rodeia a flor, Lombriga enquadrada, sem a mente dos outros nunca terás valor. De todos os insultos que te dirigi nem uma vírgula retiro.

o meu pai

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o meu pai era um cauboi tinha uma pistola que dava até 6 tiros disparava noite a fora mas não dispara agora o meu pai era um cauboi que me montava tal vaca bravia montava-me a mim o meu pai a minha mãe irmãs e tia o meu pai era um cauboi que mamava nas tetas da vaca da minha mãe escusado será dizer que a vaca era eu o meu pai era um cauboi que só deixou de me montar quando engravidei e ele se tornou avô-pai o meu pai era um cauboi e era porque já não é espetei-lhe um tiro nos cornos e não pude assistir ao funeral

A besta

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A criança de colo que amamento não é minha / Dá-ma a irmã da besta / Diz-me que não é sua / Chega a jurar até / São as lágrimas que a denunciam / Em jeito de confissão declara-me que o rebento que eu agora carrego em meus braços e alimento é fruto de incestuosa relação com a própria besta / E eu não sei se choro com ela e se mato este fruto demoníaco / Se a aconchego a tomo por esposa e acarinho este fruto como meu / Eu próprio amo a besta / A idolatro e a divulgo / Eu sinto a besta por meu pai / É então minha mãe a irmã da besta / Tomo-a por esposa / Adopto o rebento / Quando faço amor com ela a besta junta-se a nós / Quando faço amor com ela ouço a voz da minha mãe / Quando faço amor com ela possui-me o meu pai / Faço amor com ela / Possuo-a e a criança / Faço amor comigo / Cresce a criança-rapaz / E eu a desaparecer / Sinto que ele me engole / Já não fazem amor comigo / Amam-se entre si / Excluíram-me / O único acto de prazer em que participo é aquele em que lhe lambo as botas / Ínf

Observar

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Fiquei a observar-lhe o rosto, fixar as expressões a cada momento que passava junto a mim, coleccionei a sua dentição por vezes coberta pelos seus lábios carnudos, húmidos. Senti o seu respirar no meu pescoço, enquanto dormia e se sentia segura. Os seus cabelos pertenciam ao espaço que fica entre os meus dedos. E a cada carícia afastava os seus mais arrepiantes medos. Os beijos – mais que na boca – na face aproximavam-nos, Disse-me que lhe eriçavam os minúsculos pêlos que faziam companhia à sua coluna vertebral, os mesmos que noutras alturas acariciei com as pontas dos dedos em sentido contrario à sua disposição natural provocando sensações similares. Aqueles ombros estreitos e côncavos atestavam da sua fragilidade, em cada abraço a envolvia e a cada abraço ela se extinguia. As suas mãos de tamanho reduzido, sensíveis, vítimas das intempéries – vi-as eu de roxo a rubro – massajei-as de tempos a tempos, e recebi a ternura de um sorriso qual cartaz publicitário – venha passar ferias a Be

Abstémia

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A criança já não chora de cada vez que lhe introduzem o dedo na vagina A criança com sono nada de costas no marasmo de inutilidades que a circunda A criança com sono descansa num regaço de sonhos desfeitos e carinhos pervertidos A criança não vê o sol envolvida que está no manto da escuridão imposta A criança de quem se disse não ser sociável, não interagir, ser triste e apagada A criança que chorava sem razão aparente e se isolava das outras crianças A esta menina que agora dorme envolta numa aparente felicidade chamaram criança de risco Está catalogada na segurança social da sua área de residência Será vigiada de perto para que o trauma seja ultrapassado sem deixar sequelas graves A criança cuja educadora de infância não teve sensibilidade para decifrar os sinais - Afinal as nódoas negras nas coxas são tão habituais nas crianças que não constituem motivo para alarme - A criança agora é tema de debates, até na televisão Dizem que representa outros meninos na mesma situação Mas a crian

Syphilis nation

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Syphilis nation welcomes you! Sadist relations - I want you! Monogamy - I’m thru with you, You’re in this world without a clue! Isn’t it great to be a little girl? Especially if you are all alone in this world! While you sell your soul, your false purity, Perverts pay for your body, take your dignity! Seventeen thousand or maybe more Wish they could fuck you little whore! They’d eat your diseases and your sins, Trade all your losses for their wins! Nobody listens to your opinion. Giant rats expand their dominion. Don’t let them show you how to live your life Or else you’ll become their soap wife. Sodomist TV wants your attention. They will appeal to your sensation! Subliminal messages are sent to your brain. You either obey or go insane! This no-second chance society Loves heroes and winners, hates losers like me. It’s all about bringing the others down! It’s all about having nobody around! The dictatorship of faggots and fashion Guide us to our very last action. We are repercussions o